Infância X Juventude
Posted: 04/04/2015 by Unknown inA jovem sabia de suas limitações, em questão á sua saúde, só desconhecia os "parâmetros" e origem, em relação ao que tinha. Se perguntassem á ela se, seu problema era psicológico ou patológico, esta não saberia responder. Era comum esta ter crises larvadas, (de ausência), mas apenas noturnas, o que em muitos casos ajudava, já que se decorria enquanto a garota dormia, de forma despercebida.
Raras ás vezes em que a jovem desencadeava uma crise radicalmente clônica, fosse durante o dia, ou de repente, (geralmente por motivos emocionais). Antes e no inicio de sua adoção, a jovem possuía um excelente controle sobre sua cabeça, entretanto, havia indícios de autismo, segundo sua "mãe" queixava-se. Ainda sim, acreditava-se que, tais indícios, nada mais eram que, a reação da menina, em relação de não poder sair na rua, interagir, e ter que se esconder da sociedade e outras crianças, tudo isso, pelo simples fato de sua "mãe", querer poder justificar que, a jovem, não havia sido adotada, mas que havia ficado grávida desta, durante o tempo decorrido de sua ausência.
Apresentou enormes dificuldades de aprendizado, e ao tentar socializar-se também, em primeiro contato com crianças de sua idade, apesar de que, do orfanato de que viera, possuía outras crianças, a menina, por si mesma já mostrava-se introvertida, e mesmo que conseguisse fazer alguma amizade, perdia a mesma para uma família. A garotinha demonstrou facilidade em traumatizar-se com promessas, devido suas "experiências" com famílias de fora, que se interessavam por esta, mas que, devido o fato desta apresentar problemas de comunicação, saúde, ou até mesmo dificuldade em adaptar-se, lhe devolviam rapidamente.
Mesmo sendo uma criança, esta parecia ter uma pequena noção de que, possuía defeitos, defeitos estes que, outras crianças não tinham ali, naquele orfanato, defeitos que lhe impediam de possuir uma família, como tantas outras crianças que conseguiam, e nunca mais via por lá.
O medo de, socializar-se com outras crianças, (alimentado pelo isolamento que, a "mãe" desta fizera a pequena ter), vinha do fato de que, esta poderia não agradar ao próximo,(já que nem a "mãe" se agradava), ou que o mesmo sumisse do nada. A pequena utilizava seus próprios defeitos como alicerce de aprendizado, já que, ninguém lhe apontava algum traço positivo, havia posto em sua pequena cabeça, que, por natureza, era imperfeita.
Por um lado, desde pequena, a garota procurava enxergar o lado positivo das coisas, até mesmo do que sua "mãe" lhe apontava, procurava buscar em seus traços negativos, algo positivo, sem queixar-se da solidão, tanto de seu isolamento, quanto de sua dificuldade em fazer amizades. Por naturalidade, a pequena já cultivava dentro de si uma...submissão comum, em querer agradar, melhorar, surpreender os que estavam a sua volta, era como se ela falasse para ela mesma, "Ei, eu estou aqui, você pode confiar em mim, eu prometo fazer tudo certinho, prometo ser uma boa menina, amiga, confidente."
Dos piores dos desprezos, ela enxergava uma razão, para querer melhorar imediatamente, dos piores dos castigos, ela procurava refletir ainda mais sobre seus atos, das mais bruscas agressões físicas que sofria, sem saber por qual desobediência, ela calava-se, a partir de seu silêncio, resistia com sucesso contra seus atos e pensamentos inconsequentes, visando apenas as regras lhe impostas.Questionou-se calada do, porque? Porque tinha que apanhar e calar-se? Por que tinha que aceitar tudo tranquilamente? Durante seu repouso, imaginou as várias porcarias, que sua "mãe" lhe falaria, quando recebesse sua alta do hospital, mas, em diferente reação, não deixou-se tomar por devido medo, medo este que, para ela, já nem era medo.
Enquanto apanhava, lembrou-se do empurrão que sua "mãe", havia lhe dado beirada á escada, recordou-se de seu monstro interior, em outras palavras. Lembrou-se das palavras do Risonho, em meio suas alucinações, naquele mesmo hospital, durante sua convulsão passada.
"Deus criou Lúcifer, bem e mal, treva e luz, sem um o outro não existe."
A jovem esboçou um sorriso de ar pensativo para o Dr, sentado ao seu lado, pronto para lhe entregar a alta.
- ... Alguém parece feliz...
Disse-lhe o Doutor, levantando-se, apoiando seus cotovelos á beirada da cama do hospital, aproximando o rosto, lentamente do rosto desta, a jovem recuou o semblante, arqueando-lhe a sobrancelha, expressa em desconfiança para com este.
- ... Sim...parece que a surra me fez lembrar de alguma coisa, que eu tinha esquecido antes.
- Rsrs... o que foi? Esta com medo de mim, pequena? Surra? Olha só, isso não natural do seu vocabulário mocinha.
- Pois é, sempre tem primeira vez pra tudo, palavras fazem parte disso, e além disso, obrigada.
- Obrigada, por?
- Ter campeirado aqui comigo, naquele ultimo ocorrido, obrigada mesmo.
- Você é especial. Aqui esta sua alta, posso ligar para eles?
- Por favor...
O alegre Doutor então pegou seu celular, e ligou para os pais da jovem. A garota só estava preparando seu psicológico, para o dia de juizado de menores, não fazia a minima ideia de como era, ou do que teria que passar lá, mas procurou ficar em paz, afinal de contas, não adiantaria ficar alarmada pelo futuro, (algo que ela dificilmente faz.)
Acredito que, o fato desta ter que ir ao juizado de menores, deveria mexer com sua cabeça, entretanto, visou ficar calma, visto que colocava suas lembranças em ordem, não tivera tempo de agoniar-se com o atual decorrido. O comportamento do Dr. lhe pareceu um tanto quanto, suspeito, aquele dia.
Nya me lembrou mt coisa que ocorreu comigo,deu teh aperto no kokoro x.x