Garota Interrompida

Todo ser humano possuí curiosidades, muitos lutam contra a vontade de descobri-las, ou possuem um medo monstruoso de, talvez, contra-dizer as leis da sociedade, ou não! Outro motivo, por exemplo seriam... pequenos fragmentos, de traumas passados, muito bem mantidos em seus corações e mentes, trancados á sete chaves, (cuidado, isso pode ser usado contra você!)
Apesar de não ser uma boa desculpa, para não correr atrás de respostas, estes seres humanos, talvez, não percebam a alta capacidade de desmitificar ou quebrar tais curiosidades, muitas vezes vindas de berço próprio, (e não adianta, ninguém escapa disso, sempre há uma falha.)
Muitos seres humanos, percebem este "dom", uns utilizam para o bem, outros, para o mal, mas há aqueles que abusam.

Naquela manhã, acordou duas horas mais cedo, antes do horário da escola. Ela olhou em volta, em seu quarto havia de tudo! Na verdade era um quarto perfeito, sentada á beirada da cama, observava:
Cama perfeita, penteadeira de madeira pura, importada da frança, com direito á um grande espelho, com seus pertences, para o longo cabelo. Dentro de seu guarda-roupas, vestidos, camisetas, saias  e sapatos caros! Brinquedos de todos os tipos, era muito conservadora, possuía brinquedos raros, até para os dias atuais, desde pequena, não havia quebrado um, tão pouco havia com quem partilhar.

A garota possuía de tudo! "O que estou pensando?!" Falou sozinha, sem querer. Aquilo tudo á sua volta....quantas garotas não, "morreriam", por aquilo tudo? Mas então...porque aquele vazio incômodo no coração? Sua expressão tornou-se levianamente frustrada. Sua "mãe" estava certa? Ela era uma ingrata, uma egoísta? Dentre outras coisas negativas, da qual a mesma lhe dizia?
Tal pensamento, alimentou seu conformismo anterior, em relação á conversa que ouvira naquela madrugada, entre seus pais. Indiretamente, ela não poderia se queixar, e pela primeira vez, junto daquele conformismo, ela adivinhou, o que futuramente, ouviria da boca de seus pais.

Já havia se passado uma hora, para ir ao banheiro, tomar banho e se trocar, teria que esperar a "mãe" acordar, afinal, esta havia lhe trancado no quarto. Separou o uniforme e arrumou o material escolar.
Desde o ocorrido, naquela Quarta-Feira, no banheiro, a jovem vinha reparando, o jeito inquieto de algumas colegas de sala, e escola em geral. Naturalmente, suas amizades resumiam-se em, "Oi, tudo bem?" Natural e ingenuamente, para ela, a educação das colegas resumia-se em amizade, sem ao menos dar-se conta, de que, ficava sozinha nos intervalos, e atividades físicas ou em grupo. Não importava-se, a escola, querendo ou não, supria aquele vazio incógnito, "egoísta", de seu coração, em relação á sua família.

Talvez não fosse um gênio em matemática, mas, suas notas altas em português e no restante das matérias, indiretamente, salvavam a vida de algumas colegas de sua classe, na verdade, a maioria. A escola a aliviava da tensão familiar, estava entre jovens, de sua idade, porque não ajudá-las também?
Em outras palavras, a garota, mesmo possuindo seus 12, 13 anos, não havia adquirido malícia para com o mundo lá fora, não enxergava tão longe assim, para ter uma noção, mesmo que básica, do que era, de fato, bom ou ruim.
Para ela, ser bom, era ser correto, e ser ruim, era ser....socialmente incorreto.

Não atinou-lhe também, que, aquele vazio em seu peito, não era exatamente egoísmo, ela só havia percebido, (despercebidamente), que, aquilo tudo, na verdade, era nada, mesmo, também, sem ter conhecimento do porquê.
Em bens materiais, possuía fartura, mas, seria demais pedir um abraço? Ato este que, via vivenciar, entre suas colegas e seus pais. De uma forma ou de outra, suas colegas, com o decorrer da semana, começaram a mudar com a garota, seria paranoia dela? Ela chegou a pensar isso, pois, suas colegas eram gentis, quando precisavam da matéria. A ordem de sua, "mãe", era para que esta não dialogasse com, colegas de sua idade para cima, (pois quem esta em fase de, "corrupção da alma", poderia se salvar, se não falasse com, "almas já profanas na terra"), no entanto ela o fazia, sã de que sua "mãe", não saberia.