País das Maravilhas.

Posted: 28/03/2015 by Unknown in
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A epilepsia é um distúrbio do cérebro que se expressa por crises repetidas. É composta por tremedeiras, e ações involuntárias da cabeça de seu portador, há dois níveis diferentes, da qual esta se expressa ou apresenta-se.
A crise, tônica-clônica, também conhecida como, crise-generalizada, possuí duração de 30 minutos e vários minutos, pode ser traumatizante para quem a vê, já que, seu portador cai ao chão, perdendo totalmente a consciência, seu corpo fica rígido e sua respiração torna-se irregular, podendo suspender-se a qualquer minuto, ( similar a parada cardíaca.) A perda de memória é consideravelmente normal para quem passa pela experiência, em casos raros, a perda de memória pode se estender, casos raros, admito, mas sim, pode se decorrer.
A crise larvada, ou como prefiro chamar, crise de ausência, possuí seu diferencial, nesta crise, seu portador perde o contato com a realidade, mesmo acordado, pode demorar alguns segundos, ou meio minuto, e variando, torna-se repetitiva, de minutos e minutos. Muitas vezes, passa-se despercebida, tanto para quem vê, quanto para quem a possuí.

Depois de ter sido golpeada na cabeça por seu pai, a jovem "acordou", na maca do hospital. Aquele cateter maldito estava em seu braço, passando provavelmente o sedante para sua veia. Quando digo "acordada", não é exatamente acordada, acredito que, esta ainda estava tendo uma crise, a crise larvada, da qual mencionei, se bem me lembro a jovem ouvia vozes familiares, e enxergava coisas distorcidas, fora de sua realidade. Neste caso, o medicamento que lhe era passado, talvez, não havia sido o suficiente, para adormecer a garota em um tempo considerável, para sua recuperação total, pois em casos como este, dormir por determinadas horas ajudaria.
Ela estava acordada, entretanto, totalmente fora de si.
- Olá, mocinha, cá estamos aqui novamente, minha princesa.
Aquela voz masculina adulta... provavelmente era seu médico. Surpreendentemente, das muitas vezes que a menina convulsionara, era apenas um médico em especifico, que cuidava desta, este, de tanto ver a jovem, havia se tornado confidente da família da garota!

Em nota, esta conseguiria ouvir qualquer um, que tentasse falar com ela normalmente, todavia, encontrava-se dopada demais, para comunicar-se sobriamente, ao mesmo que, sua crise larvada decorria-se, durante a lentidão que, seu medicamento mal dosado lhe proporcionava. Ouvia realidade, enxergava fantasias.
Suas lágrimas lavavam seu semblante, de dor pós crise-clônica em seu corpo, que seu pai havia contribuído para desencadear na mesma. Abria seus lábios, em tentativa de comunicação falha, para com seu responsável, o médico. Acredito que, suas pupilas, talvez, encontravam-se dilatadas, se bem me lembro, mal piscava direito.
Borboletas azuis, ela enxergava borboletas azuis, várias destas, rosas vermelhas e brancas, cravos falantes, enquanto seu médico lhe acarinhava as madeixas, sim, ela também sentia toques. Não sei dizer que horas eram, se estava de dia, noite, tarde ou madrugada. Chorou por horas e horas.

Sem ter a minima ideia, do que era ou não real, entregou-se de total para a fantasia de sua cabeça, falando coisas que não batiam com o coerente.
- Resista!
Ouvira da mesma voz masculina adulta, que anteriormente havia falando com ela.
Não sei dizer á vocês, por quanto durou as alucinações da garota, até esta conseguir dormir, e por fim recuperar-se por total da crise larvada, que acredito piamente que esta estava tendo, durante seu dope.
Posso lhes dar a certeza concreta que, aquela realidade alternativa da jovem, era bem melhor da qual vivia até então. Não vou citar as "criaturas", que a mesma "interagiu", durante sua "viagem", mas posso assimilar, descontraída e ironicamente que, uma delas, devida a obsessão por gatos da jovem, era popularmente conhecida como, o Gato Risonho, ou Cheshire, como é atualmente conhecido.

Talvez o fato da "mãe" da jovem repudiar felinos, ou a jovem apenas amar gatos, mesmo sendo-lhe negado ter um em casa para cuidar, havia incentivado um pouco a "aparição" do Risonho na mente desta, que, de hora em hora, lhe dava conselhos de extrema sabedoria, (em um nível em que a jovem pudera interpretar, como uma charada), tais como: "Se viver é não saber, você esta morta", "Você pode tornar, um caminho direito em um caminho esquerdo, mesmo que a minha esquerda, seja a tua direita", "Deus criou Lúcifer, bem e mal, treva e luz, sem um o outro não existe", "Você só não enxerga no escuro, porque seus olhos estão muito tempo na luz." Complexo de se "ouvir", porém, fácil de se interpretar, pelo menos para ela. Enquanto dormimos, temos vários sonhos, entretanto, não lembramos de nenhum, em exceções, apenas partes, ou finais dos mesmos, mas não era o caso da garota, ela, de certa forma, estava "acordada", enquanto o médico "concordava", com o que esta falava dentro de suas alucinações.

Apesar de, ter reconhecido a voz do médico, que lhe fez companhia no leito o tempo todo, assim como nas outras inúmeras vezes, (afinal, porque seus pais perderiam tempo lá?), a jovem não chegou a vê-lo no final das contas, em que havia, por fim, se recuperado da crise, agora sã, após ter adormecido corretamente, claro. Mas agora vem a parte mais "explosiva" de tudo. A garota lembrava-se da sua "viagem" ao "País das Maravilhas", mas não fazia ideia de, como, ou porque, havia parado ali.
Havia esquecido de... tudo até então! Desde, a "brincadeira" dos absorventes internos na escola, o que havia descoberto de seus pais, até a exclusiva pancada na cabeça, que seu pai lhe dera com força. 
Confusa e sozinha, a jovem sentiu-se com medo, afinal de contas, havia tido uma perda de memória mais complexa do que o normal, estaria habituada com aquilo, mas não de determinada forma tão profunda. Por mais que tentasse lembrar-se de todo o ocorrido, não conseguia.
Uma enfermeira adentrou seu leito, esta segurava uma bandeja, sobre a mesma, sopa, de certo para que a jovem pudesse se recompor melhor.

- Bom dia, como se sente? Que tal comer alguma coisa? Um mês não é para qualquer um!
Disse a mulher, colocando a bandeja sobre o colo da jovem.
- Um mês!?
A garota arregalou os olhos negros, assustada com a notícia.
- Você desmaiou em casa, bateu a cabeça sem querer, no boxe do banheiro, esta aqui já faz um mês, você acordava uma vez ou outra, mas não se alimentava direito, não se lembra? Como estava sem acompanhante, o Dr. Leonardo ficou com você, disse que te conhecia, não era de agora.
Aquilo havia assustado ainda mais a garota, um mês? Um mês inteiro "viajando"?
Sim, isso era possível, dentro das condições de saúde da menina, das quais eram delicadas por natureza, era possível, uma vez que, seu pai havia sido certeiro, tanto em força quanto em alvo. O problema na cabeça da menina, até então, era apenas do lado esquerdo, em outras palavras, o lado esquerdo de seu cérebro que lhe comprometia á tal fragilidade. No dia seguinte, teve alta, ligaram para os pais a buscarem. Nem seu pai, nem sua "mãe", sanaram suas dúvidas sobre o ocorrido, e para que fazê-lo, não é mesmo?

2 comentários:

  1. Anônimo says:

    Oi Lu, é a Malu, to acompanhando sua história, acho que a maioria dos seus amigos sabem que a "garota" do texto é vc, pq vc eh uma pessoa mto sincera, mas acho mesmo legal vc para com isso, se ficar remoendo coisas passadas vai te fazer mal.
    Vc é uma pessoa com a saúde fragil minina, mas se isso tiver te fazendo bem, vou continuar torcendo por vc, e acompanhando seus posts, bjs miga =*

  1. 八神 says:

    Quem odeia gatos e qqer outro animal merece a morte u.u