Mal feito? Feito!
Posted: 25/03/2015 by Unknown in
A incapacidade de, argumentar da garota, vinha de berço próprio, mentir também, indiretamente, não lhe parecia ser algo "cabível", ou justo, e além disso, era horrível com mentiras. Ela era o tipo de pessoa que estava com a faca e o queijo na mão, desde sempre! Depois daquela Segunda-feira, instintivamente, já não sentia-se a mesma garota de antes, não conseguira pregar os olhos negros. Vários "porquês", surgiam em sua cabeça. Porque não podia ser como as outras garotas? Porque deveria ser social e politicamente correta? Porque não cortar os cabelos? Passar maquiagem? Porque?!
Pois naquela tarde de Segunda-feira, ainda tivera que engolir inúmeros desaforos, tal quais eram: "Eu ainda vou pedir para seu pai te deixar, aonde te encontramos! Na porra da favela, de onde veio", "Não sabe o quanto me arrependo de ter te pego!", "Veja sua prima! Veio de barriga! Ela não faz isso com a mãe dela!"
No máximo das questões que, lhe martelavam a cabeça, a jovem havia tomado uma decisão, talvez não muito inteligente. Acordara três horas mais cedo, do horário de sua escola, estava trancada em seu quarto obviamente. A jovem trocou-se normalmente, penteou os cabelos e organizou o material escolar, em uma bolsa que sua "mãe", havia lhe emprestado, já que a mochila ainda seria lavada.
Meteu o pé na porta trancada, uma: "Ela quer uma filha diferente? Ela vai ter!" Duas: "Se ela não gostar, ela pode me deixar aonde ela quiser!" Três: "Agora vou fazer as minhas regras!" Três vezes, e em cada chute ela pensava mais e mais. Vocês devem estar se questionando, porque ela não vinculou isso tudo de uma forma mais passiva e racional, infelizmente, a nossa garota possuía um "monstro-irracional", adormecido dentro de si.
Olha, não estou justificando nada, mas tentem se por no lugar de uma pessoa que, tenta ser boa o suficiente, todos os dias, para conquistar algum respeito, em seu ciclo familiar ou social, e ainda sim, só possuí seus erros destacados, é algo até comum, eu sei, mas estamos lidando com pessoas que se acham perfeitas, mesmo possuindo inúmeros defeitos também, mas que, no entanto, cobram perfeição dos outros. Para a garota havia duas formas de se fazer isso, uma delas seria para si mesma, se melhorar como pessoa, a outra seria fazer porque os outros querem, mesmo contra a vontade. Ela, consequentemente, fazia ou tentava fazer, por sua família, não por si mesma, mas não sabia que havia mais de um caminho para isso. Mas... você faria uma borboleta sair de seu casulo antes da hora?
A irracionalidade da jovem veio á tona então, talvez, toda aquela "energia" negativa, fosse uma forma de expressão, bem inconsequente, ainda sim, válida em seu ver. Cansada de, mesmo seguir as regras, ser vista como uma corrupta por todos, fez o que lhe deu vontade, simplesmente "explodiu", como forma de protesto irracional. Não, ela não queria "jogar", ela queria, por assim se dizer, "dar o troco." Impressionantemente, não se decorreu o que ela esperava.
A "mãe" da garota se levantou, e destrancou a porta, depois do sexto chute de sua filha sobre a mesma, e para a surpresa da garota, sua mãe encontrava-se assustada com a atitude dela, a garota, entretanto, não esboçou sua reação sobre.
Na defensiva, havia posto na cabeça que, se esboçasse algum tipo de emoção, esta lhe atacaria emocionalmente, tal como sua tia o fazia.
A garota, apesar da pouca malicia, passou a conhecer a "mãe" que tinha. Nas férias, procurou saber um pouco mais sobre a mulher, pois neste período, pudera ficar perto de seus avós paternos, esta não tinha medo ou receio para com seu avô, único membro da família, a qual sentia-se segura, única fonte de amor "paterno" ao qual considerava, de fato, paterna, por assim se definir. Descobriu inúmeras coisas em relação á sua "mãe," desde caráter, até planos futuros.
Sua "mãe", assim como a própria filha, era ex moradora de comunidade, só que de Itaquera. Esta evitava qualquer relacionamento com rapazes da mesma classe social, alegando que, jamais possuíria futuro algum com, "a ralé da favela."
- Sua mãe nunca aceitava os fatos, sobre a realidade.
Disse seu avô, nas férias.
- Seu pai, estava para terminar a faculdade de odonto, quando sua mãe apareceu na vida dele, ele terminou a faculdade, mas recusou-se a fazer a especialização, porque sua "mãe" queria se casar, uma semana depois.
Seu avô então mostrou fotos de sua "mãe", junto de seu pai, ambos na flor da idade. A mulher possuía seios fartos e fina cintura, decote explicito e ombros á mostra, sem nenhuma restrição, batom rubro aos lábios, olhos bem delineados e esfumaçados, cabelo curto, possível tendência da época. E seu pai...bem, óculos enorme até para o tamanho do próprio rosto, camiseta social, topetinho de lado...um perfeito nerd! Por assim se definir. Pareciam fotos de seriado de televisão, aqueles de comédia. Porque ficara tão óbvio que, sua "mãe", havia "encarnado" no desajeitado rapaz, que era seu pai, apenas por algum interesse?
- Enquanto sua mãe ganhava concursos de beleza, seu pai teve que trabalhar duro e imediatamente, para sustentar a casa, mas eu e sua avó ajudamos ele financeiramente, tanto com o casamento, quanto na casa em que moravam.
A garota não pôde deixar de reparar que, talvez, se seus avós pudessem, impediriam tal união, só não o fizeram, pois havia sido decisão de seu filho, e respeitavam aquilo mutuamente. Durante as férias, também conseguira mais aproximação com sua avó, devida tais questões que fazia para seu avô. Esta, no entanto, parecia ser mais desinibida e direta com as palavras.
- Sua mãe seduziu ele, ele não era fechado assim, ele era outra pessoa!
- Calma mulher!
Indagou o avô, entre risos naturalmente simpáticos.
A garota achou, "engraçado", pois sua "mãe" se dizia santa até então, "Nada de mostrar seu corpo!" , "Maquiagem é coisa de vadia." Naquelas férias, tudo o que a garota havia aprendido de sua "mãe", parecia contra-dizer a mesma, mas o ocorrido em seu segundo dia de aula, fora o ponta pé inicial, de toda a sua revolta.
E lá estava ela, encarando a mulher, engolindo a própria franqueza que possuía, de demonstrar suas reações e emoções facilmente.
- Obrigada por abrir, vou fazer meu lanche para a escola, e meu café da manhã!
Falou a jovem, passando por sua "mãe" diretamente, rumo a escadaria. Café da manhã, para a jovem, era algo visto apenas na televisão até então, esta possuía apenas uma refeição por dia...duas, quando ia para a escola, isso fazia parte de sua "regra familiar."
Sua "mãe" manteve-se calada, até a garota chegar á beirada da escada, para descer. A mulher moveu-se rapidamente, visando empurrar a menina escadaria á baixo, com vontade! Chegou a desequilibrar a mesma, que firmou-se nas paredes, devido o fato da escada ser estreita, um corredor em outras palavras, mas não conseguira fazer com que esta caísse. Não meus caros, ela não deixou por isso mesmo, não desta vez.
- Cadela desgraçada!!!
Gritou a jovem, voltando-se contra a "mãe", como um animal descontrolado. Lhe imobilizou as laterais da cabeça por seus cabelos, os agarrava, quase a puxar, da mesma forma que esta, muitas vezes, lhe fez, em padrão. A garota possuía seus, um metro e cinquenta e dois de altura, se não me falha a memória...não tenho muita certeza, mas posso afirmar que, tinha altura o suficiente para desferir joelhadas, sobre a barriga de sua "mãe."
A mulher então clamou ao nome de Jesus Cristo:
- Senhor! Jesus Cristo! Devolva a minha filha! Senhor! Pai misericordioso!
Vocês devem estar questionando, "cadê o pai da menina!?" Bem, eu posso dar a certeza, de que ele já estava acordado, fazia tempo! Este só deu as caras quando sua esposa berrou seu nome, e olhe lá.
Conteve então a filha, de forma não muito sútil. Lhe golpeou a cabeça, desencadeando na jovem, um problema já muito comum nesta, a qual havia tratando faz tempo, desde que fora adotada, sua epilepsia.

Por Deus, posta logo a cont! *-*