Razões e Afins.
Posted: 19/03/2015 by Unknown in
Ela nunca havia questionado nada, já sabemos disso, o que se decorreu, talvez não fosse o suficiente para lhe despertar certas curiosidades, foi criada naquele "mundo". Em sua visão, talvez, lhe fora o suficiente em "sabedoria", confinada de, casa para escola e escola para igreja, em tentativa de punição prolongada, imposta por sua "mãe", a garota passou a relembrar-se de seus dias no orfanato, antes mesmo de ter sido adotada. Ela sabia, nunca lhe esconderam a verdade sobre tal, logo, não havia como fazê-lo. Não fora adotada, nem tão nova e nem tão velha assim, sua mãe de laço sanguíneo, denominada, "Mulher da barriga", como sua então "mãe" a chamava, até aonde se sabia, não queria dá-la para a adoção, assim como tivera de fazer com o seu então "irmão mais velho", no passado, de uma forma ou de outra teve que fazê-lo, mesmo contra a vontade.
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A "mãe" da garota sempre cuidou para que esta crescesse com um certo ódio pela "Mulher da barriga", sentiu-se em uma cúpula de repente, em pensar sobre, nunca havia a visto na vida, porque ódio? Deu-se conta de que tudo o que sua "mãe" lhe falava, levianamente, contra-dizia as palavras daquela doce Freira, que lhe falava coisas boas, não só que lhe falava coisas boas... mas que também havia trocado suas fraldas. Me atrevo até dizer seu nome, Madre Benta, era italiana, já tinha idade, que Deus a tenha.
Isso fez a garota lembrar-se consequentemente que, se não fosse adotada até os 11 anos iria para a Itália, junto da Madre, a jovem até imaginou como seria a vida, se o destino o fizesse.
Um pensamento levava ao outro obviamente, quantas famílias não a devolviam, por causa de sua saúde instável? Quantas não lhe abusaram fisicamente, devido o fato do orfanato ser situado em uma comunidade, com várias irregularidades? (Por este motivo as crianças de lá terem de ir para a Itália.)
A garota sempre encontrava-se pensativa de mais á respeito desde então, lembrou-se então da gostosa recepção de seu avô paterno, com pirulitos e balas, atolados aos bolsos da calça e camiseta social, abriu um sorriso, de orelha á orelha ao lembrar-se, sorriso este que se desfez ao lembrar da recepção de seus avós maternos.
Ironicamente, tudo o que vinha de seu lado materno parecia...obscuro, por sí próprio, chegava até a suavizar o fato de que, sua avó paterna havia chorado rios de tristeza, quando soube de sua adoção, isso amenizava-se, diante da reação de seus avós maternos.
"Não me chame de vó! É dona Inês para você! Lembre-se bem disso!"
Lembrar-se da expressão da velha, quase a fazia ouvir novamente seu distinto, "oi." Seu avô materno era um tanto que...cômico, era o tipico dependente químico, agressor, violento.
"Essa porra é um menino?!?!!" Fora seu, "oi", para a garota.
Sua "mãe" tinha uma irmã, com sérios problemas de personalidade, acredita-se, isso devido ao fato de que, esta apenas tivera engravidado, propositalmente, para jogar-lhe á cara o seguinte elemento que trincava a alma da jovem de tristeza: "Esta é do meu sangue, você foi adotada!"
A tia da garota já havia admitido inúmeras vezes que, "gerou", uma criança, uma verdadeira herdeira de sangue, e que sentia-se orgulhosa da própria fertilidade, elemento este que, sua irmã mais velha não possuía, óbvio, apenas pelo gosto de ver a irmã furiosa.
Lembrou-se do dia em que, sua "mãe", em tentativa falha, tentou chutar a barriga de 4 meses de sua "tia", banal? Sim! A garota queria ter sua prima, queria ter uma companhia, via naquela barriga, não decepção por desigualdade, mas uma pessoa especial.
Ela lembrou-se de tudo isso durante seu castigo, nunca parou para analisar tais elementos, o porque de tudo, a raiz de tudo, razões e afins.
Seu conhecimento sobre si mesma, limitava-se e resumia-se apenas em:
"Gostamos de você quando a vimos, lembra muito a mãe de seu pai. Na verdade, estávamos lá por causa de um menino, muito parecido com seu pai, branquinho e gordinho, ninguém precisa saber de onde você veio."
Mas a garota não conseguia deixar este fator de lado, a incomodava severamente saber que, sua "mãe", buscava ocultar suas origens para o alheio, será que isso não lhe passava pela cabeça?
Naquela madrugada silenciosa, mesmo trancada em seu quarto, (trancada de verdade por sua "mãe", não poderia ir nem ao banheiro), ouvira a seguinte conversa entre seus pais:
- A trancou de novo? Quase não a vejo...
- Sim, o corpo dela esta em fase de, "corrupção da alma."
- Hm...virou mocinha?
- Você sabe o que penso disso, logo vai achar que pode ser como as outras meninas, vai chamar a atenção. Para adotar essa desgraçada, tive que sumir, para dizer que engravidei por este tempo, e a tive, por causa do tamanho dela! A única desculpa boa que temos, é que ela puxou sua mãe... e que eu já estava grávida de você quando nos casamos, sorte acreditarem... Deus é pai, boa noite.
A reação da garota? Bem, ela sabia que sua, "mãe", mais que tudo, buscava por em sua cabeça, para não dizer a ninguém de onde veio, até ai, nenhuma surpresa, mas o real fato de ter sido isolada do restante, talvez, havia lhe chocado um pouco.
Aquilo passou a alimentar uma pequena raiva na jovem, talvez sem necessidade, verdade, mas...qual a razão? Quais afins? Que obsessão era aquela?!
Ela devia se envergonhar, por ser quem era?! Era um erro estar ali? Devia agradecer por isso? Porque não podia ser como as outras garotas?!
Mas a garota gostava de pensar de diversas formas, talvez nem teria dormido, se não fosse o determinado pensamento de que, "é mãe e é pai".
Lhe passou pela, pouca madura cabeça que, talvez, aquilo tudo, fosse para lhe proteger.
Algo que hoje em dia eu denomino de, "Válvula de escape."
Adorei ju