Mundo Estranho.

Posted: 17/03/2015 by Unknown in
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Ela tentava ser ela mesma várias vezes, nessas várias vezes, aquilo trouxe um incomodo estupefato entre os seus, tanto "amigos" quanto "familiares", entre o certo e o errado, ela tentava ser apenas certa de verdade, (sem saber que o certo muitas vezes não é nada original.) Entre tantos, "É assim que você tem que ser, fazer e vestir", ela percebeu depois de anos, que sem erros não haveria acertos e vice versa, então porque diabos pagava severamente por seus erros? Erros estes que poderiam e esclareciam tantas coisas na vida dela. Deixava as coisas que gostava de lado, para tentar ser um marco positivo para os seus próximos, escondia seus ombros e joelhos, não cortava seus cabelos, não sabia de absolutamente nada sobre a vida ou este mundo! Afinal, se perguntasse qualquer coisa já era motivo de desconfiança para terceiros.

Evitando negatividades á parte, sua unica escolha era ficar quieta, isso não era de agora, de onde veio isso era comum até demais, (por isso não estranhou tanto, por isso logo aceitou aquelas regras familiares, afinal, era melhor aceitar aquelas regras do que não ter família nenhuma.)
Com o decorrer do tempo, observando suas amigas, ansiosas com certas mudanças físicas, ela tomou coragem para perguntar á sua "mãe" do que se tratava, afinal de contas, esta estudava em um colégio religioso, aonde suas professoras nada mais eram que senhorinhas, "politica e religiosamente corretas", e suas aulas mais pareciam uma catequese generalizada do que aulas comuns, que toda criança ou adolescente deveria aprender na realidade.

 Ela o fez então, perguntou:
- Mãe...essa semana uma colega minha perguntou se já virei mocinha, o qu....
Não conseguiu completar a pergunta, uma vez que, quando a fez sua mãe a recebeu com um belo tapa na cara, consequentemente a interrompendo. Por cima de sua pergunta questionou, como ela poderia ter o atrevimento de fazê-la? Logo ela, a mulher que havia lhe adotado com tanto carinho, e assim prosseguiu; "Aonde eu errei?!" , "Com quem anda andando na escola?" , "Graças á Deus não é meu fruto!", e claro, no dia seguinte, de quebra, uma reclamação para a diretoria da escola, porque não? Não é mesmo? Mas é claro que não ficou por isso mesmo, aquela garota com o rosto marcado pelo tapa já possuía o que? Seus...12 anos, 13 quem sabe? 

Naquela manhã de Quarta Feira, em sua segunda aula, ela pediu para ir ao banheiro, estava com uma sensação estranha entre as pernas, pensou até mesmo que estava fazendo xixi sem perceber (oi?), sem falar de uma dor estranha que em seguida vinha surgindo. O uniforme feminino da escola era composto por uma saia pregueada verde, abaixo dos joelhos, (o que ajudava muito), e uma camiseta simples. 
Tendo corrido para o banheiro e feito seu, "xixi imaginário", ela se limpou, no que se limpou quase infartou, acredito que a escola toda tenha ouvido seu grito, se trancou lá dentro e começou a chorar agoniada. Era sangue...aquilo era sangue! Lembrava-se da mãe falar de algo parecido, em relação a religião, algo como "a maldição de Eva", depois de minutos trancada no banheiro, a diretora a convenceu de sair dali;
 "Vamos ligar para a sua mãe!" Fora a palavra mágica para a garota querer se destrancar de lá. 

 Sem um pingo de compaixão a diretora lhe explicou tudo o que uma mãe explicaria para sua filha, sobre crescer, sobre tornar-se mocinha, que era tanto o que ela ouvia de suas amigas e "amigas", (ainda acredito que mãe nenhuma seria ríspida em explicar isso para sua filha, de qualquer forma ela entendeu.) O que uma mãe diria para sua filha em determinada situação? "Parabéns"? A dor já estava insuportável, de uma forma ou de outra teriam que ligar para sua "mãe", a garota viu no olhar da mesma, após esta chegar lá, uma repreensão profunda. Ao chegar em casa sua punição foi lhe dada, desde puxões de tufos de seu comprido cabelo até variados chutes leves em sua barriga; "Você não tem vergonha? Quer ser como suas amiguinhas?! Quer trepar com todos os meninos da sua escola?! É isso?! Estou criando uma puta?!"

 Foram essas suas ultimas palavras da semana em diante para sua filha, e em consequência o sentimento de culpa da jovem por sí mesma. A diretora, por mais fria e intolerante que tivesse sido, lhe disse que era algo comum, que acontecia com todas as garotas em determinada fase da vida, e que acima de tudo, sua mãe também tivera passado pelo mesmo.
 Ela teve então seu primeiro conflito interno. 
Como algo comum pode ser tão banal assim? Se acontece com todas, todas somos profanas? (Segundo lhe fora ensinado.)

2 comentários:

  1. Unknown says:

    Mãe era pra ser uma imagem de proteção e carinho, aquela pra quem você procura ajuda quando ninguém mais quer ajudar. Porém essa "religião" cega tende a estragar algumas pessoas =/

  1. 八神 says:

    Tah possuida sapraga u.u